domingo, abril 28, 2024

Paulatinamente: remédios psiquiátricos e efeitos

A depressão, a ansiedade e outras doenças e transtornos mentais começam a deixar o limbo de assuntos proibidos nas rodinhas de amigos. As pessoas têm percebido que não estão só quando observam sintomas e buscam mais por ajuda.

Sem controle

O problema é que nem sempre essa ajuda é a ideal. De acordo com a IQVIA, empresa norte-americana de auditoria e pesquisa de mercado farmacêutico, sete anos atrás o número de venda de antidepressivos e estabilizadores de humor era de quase 47 milhões de comprimidos. Já entre 2017 e 2018 a venda foi de quase 71 milhões.

Se é necessário se medicar, nada de errado. O problema é que muitos desses comprimidos são tomados sem qualquer acompanhamento médico.

Uma pesquisa feita no Brasil pelo Conselho Federal de Farmácia, por meio do Instituto Datafolha, apontou que entre as pessoas que tomaram algum medicamento nos últimos seis meses, 47% fez isso sem a prescrição médica necessária, pelo menos uma vez ao mês. Em um quarto destes casos; amigos, vizinhos e parentes foram os principais influenciadores. 

Riscos

Por mais que seja proibida a venda de remédios de uso controlado sem a receita médica, muitas pessoas conseguem os “tarja preta”, como o Rivotril, através do comércio paralelo.

Segundo o psiquiatra Dr. Elie Cheniaux, membro licenciado da Sociedade Psicanalítica do Rio de Janeiro, remédios psiquiátricos causam dependência química ou psicológica. Além disso, muitos consumidores fazem o uso concomitante a outros remédios, sem qualquer orientação médica ou cuidado, o que pode ocasionar prejuízos intensos para o organismo. 

Entre eles, mais efeitos colaterais do que os já esperados e listados na bula e até uma intoxicação medicamentosa. Em outros casos, através de outras interações medicamentosas, o remédio ingerido pode não ser absorvido corretamente, reduzindo seu efeito terapêutico.

Segundo Dr. Elie, alguns medicamentos antifúngicos, usados para tratamento de micoses, candidíase e infecções sistêmicas, como a meningite, ingeridos junto com o escitalopram, um tipo de antidepressivo, podem causar  o aumento de efeitos colaterais dos remédios, como náusea, constipação, dor abdominal, insônia, aumento de sudorese, entre outros quadros bem desagradáveis – e que podem ser evitados.

Drinques

Agora existe um cenário tão preocupante quanto o citado, que é o consumo dos remédios receitados por psiquiatras, especialmente, junto com o uso de álcool. 

O álcool é uma substância depressora do sistema nervoso central. Ele age inibindo alguns sistemas de neurotransmissão e é metabolizado pelo fígado, onde também metabolizamos muitos remédios. Com certas medicações, a sensação será a de ter bebido muito mais do que de fato bebeu. Ou seja, os efeitos mesmo com pequenas doses de álcool pode ser a de uma bela noitada de bebedeira pesada.

Então não preciso nem falar o que é ideal, né?

Achando um profissional

Primeiro que se você perceber que algo não está tão legal com a sua mente, procure um médico de confiança. Ele poderá te diagnosticar da melhor forma. Foi em um profissional e não gostou? Procure outro, mas sempre tendo em mente que ele precisa ter todas as credenciais para um ótimo atendimento. Consulte o CRM.

Antes de achar um especialista, passei por outros quatro. Atualmente, estou muito satisfeita e segura. Acredito que esse seja o melhor primeiro passo que você pode dar.

Logo após, se for diagnosticado com algum transtorno que necessite de medicação, converse com o médico e peça uma lista de remédios ou ações que você deve evitar.

Sobre o álcool, o ideal é sempre beber com moderação e, em casos de tratamento médico, suspender aquele drinque do happy hour. Por mais incômodo que pareça, você vai entender que esse é o melhor passo para a saúde.

Nas alturas

Sobre se automedicar, nunca tome remédios psiquiátricos sem a indicação de um profissional, mesmo que seja para dormir durante um voo.

Conheço inúmeros amigos que conseguem com terceiros um comprimido para ser usado durante uma viagem. O ideal é que esse tipo de substância seja indicada por um profissional, mesmo que para uma situação específica. Você não quer chegar ao destino com sonolência, fadiga e confusão mental, né? Esses são alguns dos efeitos indesejáveis dos tarja preta.

Então nada melhor do que se programar para um voo longo – sabendo o que está disponível no entretenimento de bordo, através de um bom livro e com algumas caminhadas pelo corredor da aeronave, de tempos em tempos, para ajudar na circulação. Nada de remédio tarja preta sem indicação.

O paulatinamente de hoje fica por aqui, mas fique ligado porque teremos muitas outras dicas de saúde e bem-estar. Até lá!

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Edição: Origina Conteúdo.

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