domingo, maio 19, 2024

Marketing e inclusão precisam andar juntos no mercado de beleza

Como jornalista da área de beleza eu posso afirmar, com muita propriedade, que os lançamentos da Dailus, marca brasileira de cosméticos, é sempre um acontecimento!

Os chamados “press kit”, envios de produtos para experimentação e análise, sempre surpreendem profissionais da comunicação e influenciadores. Já recebi, por exemplo, uma ‘pinhata’ em formato de flamingo, com um ovo dentro. Você quebrava o objeto e descobria o lançamento. Também eu e meus pets já fomos surpreendidos por uma caixa de pelúcia, imitando um gato, para mostrar novos delineadores. Confesso que meus cachorros ficaram apaixonados pelo “amigo peludo”. Recentemente, já no meio da pandemia, recebi uma caixa com pós faciais e uma frase “você só terá este pó em casa”, algo assim. Voilà! Abrindo um compartimento da embalagem me deparei com um aspirador de pó! Ele foi – e segue sendo – muito útil na minha vida entre arrumar a casa e trabalhar em home office.

Mas quem está por trás de tantas ideias mirabolantes? O nome dela é Júlia Ribeiro, gerente de marca da DAILUS, responsável pelos núcleos de Comunicação, Relações Públicas, Parcerias, Criação e Maquiagem e nossa entrevistada de hoje aqui no JornaldamodA. Conversamos sobre diversidade, sororidade e marketing em um papo delicioso.

JornaldamodA – Você consegue visualizar uma grande diferença entre a comunicação em moda e beleza de anos atrás para agora?

Júlia Ribeiro – A forma de fazer comunicação vem mudando a cada dia. As marcas que não acompanham essa evolução, rapidamente, passam a ter um discurso retrógrado, distanciando-se da realidade e necessidade dos consumidores.  Representatividade, inclusão, consciência social e do meio ambiente são premissas para se iniciar qualquer conversa. Os padrões de beleza estão sendo ressignificados e, com isso, a moda e a beleza passam a atuar de forma mais integrativa.

JornaldamodA – Como é a relação da Dailus com as mídias sociais, que muitas vezes podem ser preconceituosas e agressivas?

Júlia – Em nossas redes sociais, nós damos espaço para uma beleza divertida, descomplicada, acessível e livre de padrões estéticos. Entendemos como nossa responsabilidade conscientizar e educar nossa audiência, trazendo à pauta conteúdos que contemplem diversidade, inclusão e liberdade artística. Recentemente, fizemos a postagem de um vídeo para homenagear o dia do orgulho LGBTQIA+, em um make colorido fazendo menção as cores do movimento. Realizado por Vale Saig, maquiadora profissional e de grande apreço da marca, a postagem foi palco de uma série de ataques preconceituosos, que reforçam a necessidade de ampliarmos as vozes. Trazermos outros olhares para ocupar os espaços na mídia e nas indústrias.

Nós não abrimos as nossas redes sociais para ofensas, sejam elas diretas ou mascaradas sob os dizeres “é só a minha opinião”. Preconceito não é opinião. Entendemos a beleza como uma ferramenta de expressão individual e comportamentos como esse não serão tolerados pela marca.

JornaldamodA – O que é sororidade para você, palavra tão presente no mundo feminino, e da beleza, nos últimos tempos?

Júlia – A sororidade tem como premissa sustentar movimentos e lutas que objetivam o acolhimento e a conscientização de pessoas, sobre questões básicas como: respeito, empatia e solidariedade. Com embasamento na vivência social e histórica entre mulheres, cerceada por uma sociedade estruturalmente machista e que rejeita as minorias, a sororidade traz à cena discussões em esferas políticas e econômicas. Ela dá voz a movimentos de inclusão e que lutam pela equidade de direitos, propondo a união entre nós, mulheres, contextualizando-nos e nos fortalecendo como cidadãs.

Marketing e inclusão precisam andar juntos no mercado de beleza
Marketing e inclusão precisam andar juntos no mercado de beleza

JornaldamodA – Como a Dailus trabalha o empoderamento feminino – tanto para as clientes quanto com as funcionárias? O que pretendem fazer futuramente nesse sentido?

Júlia – Quem conhece as pessoas que estão por trás da marca DAILUS sabe o quão forte e plural são os perfis de quem desenha essa história. Nós temos a oportunidade e a alegria de provar a diversidade todos os dias.

No marketing, nós, mulheres, além de sermos a esmagadora maioria, somos profissionais jovens, com histórias de vida e locais de fala completamente distintos, unidas com um mesmo objetivo, que é tornar a beleza mais democrática e acessível. Nesse contexto, todas nós temos voz ativa e participamos do processo de criação e desenvolvimento dos produtos. Participamos diariamente de testes de cor e performance, com o intuito de evitarmos o desenvolvimento seletivo de produtos, que por sua vez, são ferramentas de empoderamento por si só.

A DAILUS é uma marca brasileira feita para brasileiros. Todos os produtos desenvolvidos por nós têm o compromisso de atender de forma satisfatória o maior número de tipos e tons de pele.

Para elaborarmos uma comunicação disruptiva e livre de preconceitos, diariamente discutimos e aprendemos juntas sobre temas de caráter civil e social, que abrangem as lutas por equidade, inclusão e conscientização.

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JornaldamodA – Quais mulheres você admira?

Júlia – Personalidades como Tia Má e Djamila Ribeiro são fundamentais para a conscientização e a desconstrução de preconceitos e crenças limitantes.

Minhas privilegiadas vivências, enquanto mulher branca, de classe social média, com acesso à informação e oportunidade de trabalhar em grandes empresas de moda, bens de consumo e comunicação, me possibilitaram aprender, na teoria, sobre os movimentos e as lutas sociais atuais.

JornaldamodA – Poderia indicar algumas mulheres interessantes da música, que você gosta de ouvir?

Júlia – Recentemente descobri o som da Bia Ferreira, cantora e multi-instrumentista brasileira I-N-C-R-Í-V-E-L! Em seus versos, ela elucida a realidade de minorias negras e periféricas, manifestando a sua luta contra o preconceito e busca por equidade social.

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Foto: Divulgação.

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