quarta-feira, maio 1, 2024

Empatia feminina com o passar dos anos, com Christine Caterina

Como se autointitula, Christine Caterina é paulistana da safra de 71. Formada em Comunicação Social com ênfase em Marketing, iniciou a carreira aos 19 anos, na Editora Abril. Trabalhou como produtora de moda na extinta Revista Nova. Em 2000, Christine fundou a Press Code, sendo responsável pela assessoria de imprensa internacional do SPFW por 10 anos. Em 2005 foi a vez de criar a Press Pass, assessoria de imprensa com contas de peso, como Natura, The Body Shop e Renner.

No nosso bate-papo semanal sobre sororidade, conversamos com ela sobre os desafios na carreira de comunicação, especialmente relacionados ao gênero.

Empatia feminina com o passar dos anos, com Christine Caterina

JornaldamodA – Como outras mulheres te inspiraram ao longo de sua vida
profissional a se tornar a pessoa que você é hoje em dia?

Christine: Fui criada num ambiente tão machista que até um tempo atrás meus ídolos eram somente homens. Não me dava conta disso. A gente tinha até que se masculinizar um pouco para impor respeito dentro do ambiente de trabalho. Hoje as coisas mudaram muito, ainda bem!

Essa nova geração criou uma rede de empoderamento coletiva que nos fez rever e reaprender uma série de coisas, inclusive essa nova palavra: sororidade. Atualmente, tenho muito orgulho em listar as mulheres que me inspiram na vida profissional e dizer que são várias, de diversas maneiras. Essa inspiração vem de mulheres independentes, que nunca deixaram os limites impostos pelo machismo estrutural atrapalharem seus sonhos, que lutaram bravamente para romper preconceitos e que nunca desistiram mesmo recebendo nãos na cara muitas e muitas vezes.

Empatia feminina com o passar dos anos, com Christine Caterina
Empatia feminina com o passar dos anos, com Christine Caterina.

JornaldamodA – Você acredita que as mentorias e alianças genuínas entre mulheres podem mudar a realidade de diferença salarial ou condições desfavoráveis, em relação ao gênero, no mercado de trabalho atual?

Christine: Essa aliança entre as mulheres, esse poder coletivo que estamos propagando, nos dá coragem para sermos verdadeiramente quem somos, sem medos e amarras.

Fomos criadas para sermos inimigas uma das outras. Agora, poder contar com uma rede de mulheres unidas dá uma força e um senso de pertencimento que é um sentimento totalmente novo e um combustível para mudanças e para educação das novas gerações.
Acredito que a nossa união irá ajudar a romper inúmeras barreiras e a reeducar os homens, além de impor novos valores na nossa sociedade, para que se torne mais justa e igualitária.

JornaldamodA – Para você, o que é sororidade?

Christine: É cumplicidade. É estender a mão para outra mulher quando ela precisa. É não julgar, é praticar a união em todos os níveis, não importa se é uma amiga ou desconhecida. É começar a gritar se você presenciar uma mulher sofrendo assédio, é denunciar uma vizinha que sofre violência. É lutar pelos seus direitos e de todas as outras. É pertencer.

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JornaldamodA – Como ela é implementada na empresa em que trabalha?

Christine: É um exercício diário. Não fazemos distinção de valores salariais, obviamente, mesmo porque sempre trabalhamos num ambiente majoritariamente feminino.

Sou nascida na década de 70, de outra geração, tive a sorte de poder viver esse momento libertador graças a uma nova geração de mulheres questionadoras e empreendedoras. Eu nunca abaixei a cabeça e muitas vezes paguei um preço alto por isso. Saí de uma carreira
promissora, numa multinacional, pelo simples fato que os cargos de liderança eram ocupados somente por homens. Não lutei para mudar isso, uma falha enorme que essa nova geração teve um papel crucial de alterar, mas montei a minha empresa do jeito que eu queria.

JornaldamodA – Poderia citar filmes ou músicas que têm mulheres como protagonistas, diretoras, roteiristas, autoras ou compositoras que te dão mais energia para seguir em frente?

Christine – Não tem como falar de mulheres que me inspiram sem falar da Patti Smith, para mim uma grande referência. Adoro os filmes da Sophia Coppola desde “As virgens suicidas”. Um clássico.

A lista é infindável: Clarisse Lispector, Hilda Hilst, Susan Sontag, Rê Bordosa (é uma personagem fictícia de histórias em quadrinhos humorísticas criados pelo cartunista Angeli), Fernanda Young, Madonna…Tem muita mulher foda nesse mundo! Tem a Greta (Thunberg), de 17 anos, que está mostrando para o mundo como é que se faz!

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