domingo, abril 28, 2024

Técnica Tellington Touch e seu amigo peludo

Estava dando uma rodada pelo Facebook atrás de alguma publicação legal e dei de cara com essa postagem da Dono Cãociente:

Uma solução para os nossos animais de estimação que tanto sofrem nestas datas com o ruídos de fogos de artifício ou até mesmo sentem medo de trovoadas.

O que se pode fazer é o método tellington touch

Vimos que a maioria dos cães que têm fobia aos ruídos também são muitas vezes sensíveis ao toque nos quartos traseiros, nas patas e nas orelhas. Estas zonas costumam estar frias. Também a base da linha pode estar tensa e pode haver tensão na parte lombar.
Com toques na orelha e em outros pontos do corpo poderemos fazer aumentar a circulação sanguínea nas extremidades, aliviar a tensão nas costas e na parte traseira que reduzem os níveis de stress.
À medida que o corpo vai entrar em equilíbrio através da terapia corporal de touch, a mente e as emoções também vão se equilibrar, o que ajuda o animal se sentir mais confiante em situações que antes lhe davam medo.
Uma das ferramentas mais úteis do método tellington touch para a fobia ao ruído, são as ligaduras corporais.
Como pode ser que um simples pedaço de ”pano” tenha efeitos tão profundos sobre o comportamento de um animal?
A resposta está na parte em que o sistema nervoso processa a informação sensorial proveniente da suave pressão da venda corporal.
As ligaduras suscitam uma sensação de calma.
Em Geral, o toque com pressão, ativa o ramo parassimpático do sistema nervoso autônomo, que é o domínio do sistema nervoso que tranquiliza, restabelece e nos faz sentir mais centrados. Os efeitos calmantes que apreciamos com as ligaduras podem ser devido à influência das sensações de pressão sobre o sistema nervoso.
Ao vendar o corpo, simplesmente aumentamos o nível de informação sensorial que se transmite ao cérebro.
Normalmente a venda se coloca sobre o corpo do animal seguindo uma configuração em forma de oito, fazendo contato em torno do peito e cruzando pelas costas.

Fonte: Jorge Hernandez

O conceito parece incrível, mas não dá para confiar em tudo que aparece na nossa linha do tempo em redes sociais, então resolvi pesquisar um pouco mais sobre o Tellington Touch e essa possível solução para cães que não suportam barulhos, principalmente de fogos de artifício.

cachorro-medo-de-fogos

Então achei a informação que uma bandagem feita dentro desse conceito, chamada de “The Original Anxiety Wrap” ganhou o prêmio de produto cinco estrelas promovido pela Associação Americana de Pet (APA) em 2011. Sua criadora, uma adestradora certificada chamada Susan Sharpe, acrescentou que esse tipo de pressão em pontos de acupuntura canina também ajuda a deixar o animal mais calmo durante tempestades e viagens, quando eles ficam em caixas de transporte.

Mais uma curiosidade sobre o método é que ele foi desenvolvido por Linda Tellington-Jones inicialmente para tratar diversos problemas em equinos, mas também ficou bastante popular entre donos de cachorros com fobias, principalmente o medo de tempestades.

Peguei também o depoimento positivo no site Vet Medicine com a redatora e veterinária Janet Tobiassen Crosby de que sua cachorra ficou incrivelmente mais calma após usar o método.

Como mãe preocupada de três cachorras eu vou tentar essa técnica no próximo Ano Novo. Mas, obviamente, tomarei cuidado para não deixar a faixa muito apertada nas minhas filhas de quatro patas.

cachorro-medo-de-fogos-e-barulho

Mas se você quer mais saídas para deixar seu animal mais calmo nesses momentos de muito barulho, deixo aqui dicas do que já faço:

  • Coloco as três em um quarto com as janelas fechadas e uma música calma tocando em altura média.
  • Deixo casinhas tipo toca para que elas possam se esconder, pois elas se sentem mais seguras
  • Não uso coleiras para amarrá-las nesses momentos, pois elas podem se enforcar
  • Não fico mimando ou pegando no colo no momento de medo extremo, pois isso deixa as pequenas ainda mais tensas

Se você já testou as faixas e quiser dividir aqui com a gente sua experiência, só mandar e-mail para paula@jornaldamodabrasil.com que divulgo.

Update:
Testei a técnica com a minha filha mais medrosa, uma mestiça de pincher com alguma outra raça pequena (não sei bem, pois ela foi adotada adulta). A Charlotte tem muito medo de chuva e fogos de artifício, então usei o Natal para verificar se o Tellington Touch ia dar certo nela.

Usei um lenço enrolado que, para o porte dela, deu certinho. E não é que a cachorrinha gostou dessa nova “roupinha”?

amarrar-pano-cachorro-medo-fogos-de-artificio

Sobre o medo, percebi que ela ficou muito mais segura. Não vou falar que 100 por cento tranquila, mas não se escondeu como fazia sem o pano. Ficou dando voltinhas pela casa enquanto os fogos eram soltos e latia um pouco, mas como se tivesse querendo enfrentar a situação.

Realmente fiquei surpresa e vou repetir a dose no Ano Novo e toda vez que rolar um jogo de futebol.

Mas minha dica: não deixe seu cachorro amarrado na coleira, mesmo com o Tellington Touch, e nem em áreas externas. Coloque ele num quartinho confortável, local fechado e sem objetos que possam machucá-lo. O pano vai apenas somar e deixá-lo muito mais confortável.

Mais um update: uma leitora muito querida, a Maria Majela, me mandou seu depoimento bem completo sobre o uso da técnica em seu cachorrinho, o Giba, e a experiência foi ótima:

“Sou mãe de um maravilhoso shih tzu de 9 aninhos, com carinha de 4, chamado Giba, com imensa fobia de trovões e rojões desde bebê. O medo dele vai muito além de se enfiar num buraco e ficar tremendo. Ele tenta fugir dos barulhos, acha que o apartamento da vizinha da frente é um refúgio, arranha a porta até sangrar as unhas, tende a subir nos lugares mais altos e depois se joga, tendo quebrado a mandíbula por duas vezes num momento de desespero desses. A primeira vez ele tinha 2 anos, estava só com a empregada em casa e choveu forte, com muitos trovões, a moça se descuidou, ele conseguiu subir na mesa de jantar, escorregou e caiu, batendo o queixo. Foram 4 meses de tratamento maluco. A segunda fratura foi em 2014, durante a copa do mundo e deu muito mais trabalho consertar sem sequelas.
Claro que tentei de tudo: adestrador, calmantes, protetores de ouvido, música, suborno. Então, no início de dezembro passado, me informaram do seu post. Li com atenção e resolvi tentar, não me custava nada. Encontrei no meu armário uma echarpe com uns 2 metros de comprimento por 20 cms de largura, em viscolycra bem molinha. Comecei a treinar. Era só o céu começar a ficar escuro, o que acontecia todas as tardes e, antes do primeiro trovão, amarrava meu bebê. Nas primeiras vezes ele se agitava um pouco, latia, unhava porta mas acabava dormindo debaixo da mesa da cozinha. Mas, não teve nenhuma grande tempestade para valer o teste.
Então, chegou o dia 31 de dezembro. Há 9 anos que não saio de casa, não viajo, faço ceia aqui em casa e nem participo do brinde da virada, fico com ele trancada no banheiro, com uma música que ele gosta tocando alto e cantando junto, enquanto ele grita e estremece a cada saraivada. Desta vez foi diferente. Fiz a amarração bem antes, pelas 21 horas. Vale dizer que ele adora, é só balançar a echarpe que ele vem todo feliz. Na hora da virada, ele dormiu calmamente em cima dos meus pés, debaixo da mesa da ceia.”

Eu amei ler esse depoimento e saber que o post ajudou o Giba e sua mãe a ter momentos mais tranquilos! Agora é só curtir a amarração, né Giba?

Foto: Dono Cãociente e Pixabay.

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