terça-feira, maio 7, 2024

Economia é assunto de menina!

Existe uma falsa impressão, alimentada pelo boca a boca, que meninas e mulheres não gostam ou não são confortáveis quando o assunto é economia e finanças. Batemos um papo com Bruna Losada, vice-reitora da Saint Paul Escola de Negócios, para desmistificar a ideia e afirmar que economia é assunto de menina sim!

Entrevista Bruna Losada

JornaldamodA – Você acha que o universo das finanças ainda é meio distante para grande parcela da população feminina no Brasil?

Bruna – Sim. Algumas áreas ainda têm presença majoritariamente masculina, como é o caso de finanças. Infelizmente, esse é um histórico que ainda segue como verdade. Eu, por exemplo, fiz toda a minha carreira em finanças e participei dessa minoria.

Sinto que desafios existem, mas conseguimos ver grandes evoluções nos últimos anos. Entre elas, a maior presença feminina em programas voltados para a área de finanças. Claro que ainda não atingimos a igualdade, mas é um caminho importante que vem sendo trilhado.

No que se refere ao universo das finanças pessoais, essa discussão também é muito pertinente. Historicamente, o planejamento de orçamento familiar rondava mais a figura masculina. Isso é algo que já vem mudando bastante nos últimos tempos. Quando pensamos na liberdade da mulher não nos fixamos apenas na liberdade de suas escolhas envolvendo o corpo, mas também de sua liberdade financeira.

JornaldamodA – Por que é importante uma mulher se preocupar em ter educação financeira?

Bruna – Com a organização econômica e social que vivemos, considerando o capitalismo, encontraremos uma noção de liberdade e empoderamento muito maior se tivermos uma boa educação. Conseguir, minimamente, planejar a própria vida e ter autonomia financeira, entendendo sonhos e meios para alcançá-los, é crucial.

JornaldamodA –  Qual o impacto da mulher brasileira na economia do país?

Bruna – O Brasil tem como característica ser um país bem empreendedor, segundo dados do Fórum Econômico Mundial. Entretanto, o tipo de empreendedorismo, historicamente, foi sempre daquele profissional que desenvolveu uma carreira corporativa e, em determinado momento, fez uma transição para virar um empreendedor na sua área de domínio. Isso foi sempre muito comum, mas é algo que vem mudando hoje por causa do conceito dos empreendedores mais ousados, dos ambientes de startups e de unicórnios – mais ambiciosos em termos de velocidade e crescimento. Infelizmente, algo que se mantém comum entre o antes e o hoje é que ainda existe uma menor proporção feminina em relação à liderança empreendedora.

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Fiquei muito feliz, recentemente, ao ver uma startup fundada por uma colega, Mariana Dias, e outra co-fundadora, chamada Gupy, conseguir levantar fundos consideráveis em um projeto ambicioso. Isso é um exemplo de que as mulheres estão começando a ter maior protagonismo nesse sentido.

Inclusive, se você analisar a literatura sobre empreendedorismo e sobre finanças, são pouquíssimos os casos de livros técnicos voltados para essa vertente da profissão que são escritos por mulheres. Algo que fico feliz em poder fazer parte (Bruna acaba de lançar a obra “Finanças para Startups”).

Economia é assunto de menina!
Economia é assunto de menina!

JornaldamodA – Como as mentorias entre mulheres podem ser benéficas para as colaboradoras e para as empresas?

Bruna – Acredito que as mentorias sejam muito benéficas para as colaboradoras e para as empresas, que assim podem encontrar seus grandes talentos. Sabemos dos benefícios e importância da diversidade para a tomada de decisões estratégicas, para minimizar questões de dissonância cognitiva nos negócios e para encontrar caminhos mais criativos e inovadores. Um grupo que seja muito uniforme terá dificuldades nessa missão, pois todos enxergam o cenário da mesma forma. E não só uma questão de gênero, mas de todo o tipo de diversidade nas empresas.

JornaldamodA – Quais mulheres você admira?

Bruna – Essa é uma pergunta bem difícil de responder, porque são muitas. A primeira mulher que eu admiro é a minha mãe, claro – e todas as mães que criam seus filhos para que tenham consciência sobre o seu papel no mundo. Elas são fontes de mudança e transformação para a sociedade que almejamos ser.

Também admiro a Dra. Mae Jemison. Tive o privilégio de conhecê-la. Ela é a primeira astronauta negra da NASA a ir para o espaço. A formação acadêmica profissional dela é estupenda! Uma grande fomentadora da educação que venceu inúmeras barreiras.

Foto Economia é assunto de menina!: Divulgação.

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